segunda-feira, 11 de abril de 2011

Headlights.

For once I want to be the car crash,
Not always just the traffic jam.
Hit me hard enough to wake me,
And lead me wild to your dark roads.



Na boca do viaduto, escondidos da saudade. Seguros. Aqui, amor, melhor deixar ir. Finja que são cinzas, encha suas mãos o bastante para escapar pelo espaço entre seus dedos. Depois as abra - se mais confortável, também abra os braços -, e deixe ir. Deixe voar. Por ser noite, e pela noite trazer, em si, pouca luz, não poderemos acompanhar os segundos em que boiarão na superfície do esgoto. Mas, ao menos, saberemos que resistirá um pouco. Eu sei, o cenário deveria ser mais bonito, mais amplo, menos asqueroso. Para fazer valer todo o tempo em que estivemos juntos. Feito fôssemos um só. Você se lembra? Eu não. Não tento recordar, melhor não insistir. Está sendo indolor, e este é o melhor dos caminhos. Mesmo te vendo chorar e se debater contra mim. Não me restaram lágrimas, nenhuma que eu possa deixar para você. Como sempre disseram, tudo chega ao fim. Até aquilo que prometemos fazer durar. Existem coisas, raras exceções, coisas que são eternas. Nós não fomos. E não por descuido ou por descaso. O motivo é simples e claro. Os corpos mudam e os encaixes se desgatam ao tentar qualquer adaptação. Nossos corpos se oxidam, e enferrujam e, de repente, um par que era perfeito, já não é mais par. Não que tenhamos atingido a perfeição. Longe disso. Estávamos mais para um desastre. Uma falta de sintonia, uma desorganização. Eu e você poderíamos estabelecer o caos no mundo. Quantos lados tem um mundo? Para saber o quão longe ficarei de você. É melhor não nos olharmos, nem nos sabermos, nem nos encontrarmos. Fingir que nada nunca aconteceu. Meu Deus, como as palavras são fáceis. Eu posso não me lembrar exatamente de como éramos quando formando um corpo só, chorando uma dor só, amando um amor só. Mas eu sei do impacto que você teve em mim. Suas mil malícias e seus furacões. Era te olhar para sofrer de desritmia, estar suscetível a ataques cardíacos, perder o chão - e também a cabeça. Você ainda diz que me ama, que é arriscado me perder de vista, que não consegue se controlar, e tenta me roubar um beijo e tenta - mais uma vez - me roubar a vida. Mas tornou-se difícil acreditar em você. Que primeiro estava aqui, e depois estava com outros. E me tinha nas mãos, e beijando seus pés. Jurando todos os amores que lhe eram possíveis. Mas dividindo seus lábios - tão meus - com outros. Eu não soube amar deste jeito. E só você sabe como tentei. Amor livre, você me dizia, não sei amar de outro jeito, você insistia. E então reviramos as explosões dos outros. Reviramos os mundos dos outros - para dar sentido ao nosso, talvez. Pois é tão perfeito e você me faz feliz - e então você lambia minha nuca, e escorregava por minhas costas, e eu me cedia a todos os seus caprichos. Nós nos sentávamos em uma rua cheia de gente e de bares. E acendíamos nossos respectivos cigarros. E você apoiava sua cabeça com as mãos, e ignorava minha presença. E depois me percebia acuado. Escolha uma explosão - e era você, era você mais e acima de tudo. Eu não me interessava por outras pernas, nem outras transas, nem outras semi-paixões. Era sempre você. E você não pôde prever, nem com seus papos espirituais, nem com seus filtros-dos-sonhos, nem com nada. Você acreditava que eu nunca iria embora. Pois bem, você mesma me expulsou. E se dói agora, foi uma escolha que você abraçou. Também dói em mim, embora eu disfarce com amnésia. Quando se abre mão de um amor assim, é sábio abrir mão da memória. De alguns bons momentos da vida. De alguns cheiros e sabores. Doerá muito mais, e a dor parecerá incurável, incessável, mas uma hora passa. Daqui alguns anos e outros beijos, talvez a gente se esqueça. Assim, se esqueça de verdade, e fique desconcertado em não mais lembrar um do nome do outro. Ou talvez a gente apenas se acostume. E substitua por alguns amassos. Eu não queria que terminasse assim. Mas você não sabe amar. E eu precisava disso. Como se fosse algo forte o suficiente para me salvar de tudo. Agora eu só espero que você se salve de si. E não se arrebente entre as quinas e calçadas.
"Tenho muito medo de me apaixonar. Também tenho muito medo de morer. E, ambas, são coisas que eu sei que, um dia, irão acontecer."
Eu lembro de quando você me disse, e eu acreditei.

2 comentários:

Anah Luizahh' disse...

Amazing! Congratulations!
P.S.: No, I'm not from USA, but I love our texts too.

Julianna Motter disse...

Well, muito obrigada!