segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ensaio.

Tenho medo de que não me reste mais nada.
Tenho medo de que não reste mais nada.
Tenho medo de que não reste nada.
Tenho medo de que não reste.
Tenho medo de que não.
Tenho medo de que nada.
Tenho medo de que nada me prenda aqui.
Tenho medo de que nada me prenda.
Tenho medo de que me prenda.
Tenho medo de nada.
Eu cutuco, cutuco, eu aperto, e não sinto dor.
Eu aperto e não sinto nada.
Eu sinto nada e não aperto.
Eu flutuo!
Eu hoje sou, mas o amanhã quem sabe?
Quem sabe amanhã eu seja.
Um aperto ou um nada.
Hoje, um aperto.
E amanhã mais nada.

Eu te aguardo, menos calada. Você viu que hoje choveu? Você ligou a televisão? Lembrou de tomar, pelo menos, três litros de água? Conseguiu marcar aquela consulta da qual precisava? Será se está muito ocupado? Você deveria me ligar, qualquer hora dessas. Tenho uns filmes a recomendar. Uns trechos de música na cabeça, para ver se você me ajuda a descobrir se realmente existem. Tenho umas coisas para falar que são melhores sentidas. Venho me sentindo muito só. E faz parte do processo de, digamos, cura, querer admitir. A solidão é tranquila. Como atravessar a cidade em um ônibus vazio. Está bem, talvez não seja isso. Talvez ela nem ande de ônibus. Aliás, pode ser que ela nem seja capaz de andar. Mas certamente existe este lado nela: de ver tudo acontecendo e não poder parar quando quiser. Será se alguém já olhou nos olhos da solidão? Eu acho que ela desviaria o olhar...

Um comentário:

Michelle disse...

Muito bom, dá vontade de saber quem é você.