quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mais Amor Demais.

Por que você não vai embora? Ainda é cedo e não abriram as cortinas. Ainda não é tarde demais para começar de novo. Para encontrar a si em outro. Encontrar-se na companhia de outro. Já estourei os meus, os seus, os nossos, miolos. Já nos apertamos forte demais. Nos re e de - batemos. Batemos, fomos um contra o outro. Nisso de pensar que pensamos tão diferente. Que somos tão exclusivos. Tão especiais. Quando, na verdade, só somos imensuravelmente egoístas e mesquinhos. Só somos iguais a todo mundo. Lutando por causas sem pé nem cabeça. Falando demais em coração. Nos corações que nós carregamos, tão pulsantes. Nos corações que dizemos estar em falta nos outros. Tentando preencher o vazio que não está nem em mim, nem em você, mas no mundo. Já viu como fotografam a lua? Como a enquadram toda vez que ela se destaca? Como tudo mudou, como antes queriam formas de subir até lá, e agora uma captura basta? Basta olhar a cor da camiseta, a harmonia do corte de cabelo. Basta olhar. Por que você ainda está aqui? Se onde há caos, ninguém encontra o ângulo certo. Onde há algo atípico. Um volume a mais. Deus queira que eu esteja errado, mas se está explorando ao máximo a superfície. E somente ela. Jurei que mudaria minha vida. Pareci até tolo. Mas jurei, ao te ver. Que mudaria meu modo de vestir. A posição ao sentar. A determinação de querer as coisas: e alcançá-las. Olhei seus olhos e não tive dúvidas. Se não fosse naquele momento, seria daqui a pouco. Existem corpos que se conectam até antes de amadurecerem. E estão predestinados, e logo, condenados ao encontro. Foi tudo muito lindo. Houveram as cartas e as flores. As caixas de chocolate. Os abraços macios. Gosto de coisa rara de se ver. Eu me via escolhendo outro time. Largando o pão pelo cereal. Deixando você me moldar do jeito que melhor te coubesse. Não vi você se mudar de mim. A gente se mudar um do outro. Você, de repente, se tornar uma destas pessoas que parecem ter descolado da televisão. Por que você ficou depois de tanto ameaçar ir embora? Você existia para mim de um jeito tão sincero. Tão puro. Pisquei os olhos e seu corpo reagiu ao mundo. Concordou com os rumos dele. Seus pedaços mais amáveis sumiram de mim. Não me amavam mais. Por não condizer com o esperado. Nenhuma mudança é eterna. Nenhuma eternidade é permanente. Estão todos se deslocando. Indo e vindo. Quase nunca voltando. Está tudo, incontrolavelmente, se transformando. Estamos transbordando. Nós dois, cada um escapando para um lado. Sem querer deixar isto claro. Na intenção de ser menos doloroso. De ser menos insuportável. De ser menos. Enquanto eu, eu só quero mais. Para você, e para o resto do resto do mundo. Mais carinho, mais cuidado. Menos espera, menos ansiedade. Mais unhas, menos cigarros. Mais amor. De preferência, espontâneo e gratuito. Menos brigas, mais entregas. Menos discursos, mais vontade. Mais amor. Só mais amor demais...

Um comentário:

Giselle Alencar disse...

Ta difícil ter um post preferido. São todos lindos.
Nossa, "mais amor demais" ta perfeito!!Achei tocante, sério! E condiz com minha visão de mundo. =*