segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Agradável.

Nada dura para sempre porque ninguém está imune a mudanças - em si e no mundo.

Eu não te esquecerei. Não porque foi um amor maior do que os outros - pois isto não foi. Mas porque será impossível me decidir se não sei viver sem você ou se não sei viver sozinha. Isto, é claro, num destes momentos em que a solidão parecer insuportável. Um destes momentos em que qualquer coisa parecer solidão. Coceira, dor de estômago, fome, parecer solidão. E esta "solidão" parecer saudade. E tudo ficar confuso. É verdadeira essa curiosidade sobre a cor da grama do vizinho, eu vou pensar. Vou pensar que quis sair para ver, e não mais te quis, e então te perdi. E a grama? Você iria perguntar, e eu perguntaria a mim mesma, imaginando você me perguntando. Diria: era tão esverdeada quanto a minha, quanto a nossa. E se eu me arrpendi? Você me perguntaria: e você, se arrependeu? Por enquanto, parece que sim. Porque até o som das folhas lá fora me lembra sua voz. E me dá saudade. E parece que vou me arrebentar de saudade. De tanto me sentir tão longe. Uma saudade que queima, que arde. E o pior é que, depois de um pouco, talvez depois de três horas, já quando estiver finalizando o dia, pode ser que nem seja mais saudade. Digo, eu posso descobrir que não seria, não era, não havia sido, saudade. E concluir que era só solidão, e o medo de me sentir para sem assim. Para sempre em si. Em mim. Digo, para sempre só. Não sei se não posso viver sem você, ou se não posso viver sozinho. Não sei a origem do meu medo. As raízes das quais ele brota. Nunca mais te ter ou só ter a mim mesmo. Será se daqui uns anos a gente se rencontrará? Se tudo aconteceu para terminar assim, e recomeçar mais tarde? Ainda assim, nada nos impede de escapar dos planos. De conhecer outros corpos, de tatuar novos nomes. De sentir vontade de passear de mãos dadas, de ter filhos, e comprar uma casa na praia. De sucumbir as tentações. Iremos nos afastando. E diremos que o tempo foi quem quis que desse tudo errado para nós. Mesmo pensando que, afinal, se ele quis, é porque deve estar certo.

Um comentário:

Ana disse...

Vai se assustar quando ver esse tanto de comentários juntos..
Mas eu simplesmente nao posso deixar passar.
Congrats, eu nunca escreveria algo assim, mesmo sendo exatamente tudo o que eu penso.