sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pimenta.

O gosto de pimenta fazia seus olhos lacrimejarem e seus lábios tomarem para si um vermelho gritante. Gostava de sentir-se queimar enquanto gotas de suor escapoliam fazendo caminho entre seus seios. Era um pouco do calor que faltava-lhe. O calor barato que viria dos abraços fortes que não receberia. Fazia sol, fazendo a cidade irritar-se. Eram inúmeras as reclamações saindo da boca do povo, queriam um guarda-sol para protegerem-se. Pudera ela guardar o sol todinho dentro de si. Queria deitar-se no asfalto, sentir sua pele queimar até reviver sua carne. Carne viva era vida menos morta. A pimenta tinha a mesma cor de seus lábios e a mesma cor de sangue. Era cor do calor, e da vida que estava procurando.

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